Publicado em abril de 2012- atualizado em Janeiro de 2014
Há vários anos eu me orgulho de fazer parte de um grupo sólido de amigos, pessoas com quem me relaciono de longa data, amizades que se iniciaram ainda na década de 70.
Nascido em 1968, cresci na classe média alta carioca, e era um peixe fora d’agua quando comparado a esses amigos na questão politica-economia: eu tinha uma posição mais próxima da chamada “esquerda”, eu era oposição a Collor e FHC, tendo inclusive votado em Ciro Gomes em 2002. Ele me parecia a opção menos ruim, se comparado ao radicalismo esquerdista de Lula ou ao continuísmo de José Serra, que foi a opção declarada dos meus amigos, orgulhosamente alinhados com a chamada “direita”. No segundo turno, onde o voto é por exclusão e não ideológico, assim como milhões de brasileiros, depositei o resto de esperança no candidato do PT....é desnecessário dizer que, devido ao “conjunto da obra”, após poucos meses eu já tinha me tornado o mais radical anti-petista. Desde então (2003), meu discurso político passou a alinhar-se fortemente ao desses amigos, que historicamente tinham posição extremamente radical contra Lula, Brizola ou qualquer coisa que "parecesse" minimamente com a esquerda.
Há vários anos eu me orgulho de fazer parte de um grupo sólido de amigos, pessoas com quem me relaciono de longa data, amizades que se iniciaram ainda na década de 70.
Nascido em 1968, cresci na classe média alta carioca, e era um peixe fora d’agua quando comparado a esses amigos na questão politica-economia: eu tinha uma posição mais próxima da chamada “esquerda”, eu era oposição a Collor e FHC, tendo inclusive votado em Ciro Gomes em 2002. Ele me parecia a opção menos ruim, se comparado ao radicalismo esquerdista de Lula ou ao continuísmo de José Serra, que foi a opção declarada dos meus amigos, orgulhosamente alinhados com a chamada “direita”. No segundo turno, onde o voto é por exclusão e não ideológico, assim como milhões de brasileiros, depositei o resto de esperança no candidato do PT....é desnecessário dizer que, devido ao “conjunto da obra”, após poucos meses eu já tinha me tornado o mais radical anti-petista. Desde então (2003), meu discurso político passou a alinhar-se fortemente ao desses amigos, que historicamente tinham posição extremamente radical contra Lula, Brizola ou qualquer coisa que "parecesse" minimamente com a esquerda.
Tornou-se comum, a partir de então, termos churrascos regados a “elogios” ao Sr Luis Inácio da Silva, onde todos, sem exceção, mostravam-se revoltados com o governo do PT, prevendo um futuro ainda mais nebuloso do que o (já então sombrio...) presente. Lembro-me de estar num churrasco em Dezembro de 2008 com todos esses amigos e ouvir um deles, de uma geração anterior à minha, gritar revoltado a plenos pulmões: “a vocês que são jovens, eu digo..SAIAM DO BRASIL, SAIAM DO BRASIL !!!”. Ele estava incomformado, e com toda a razão.
Porém, inexplicavelmente, a partir do final da primeira década dos anos 2000 a opinião política dessas pessoas começou a mudar – e muito. Surpreendentemente, da noite pro dia, o governo Lula passou a encontrar neles um apoio digno da chamada “militância petista”. Os índices de educação, segurança, infra-estrutura e saude públicas do Brasil continuavam ladeira abaixo, o populismo dos chamados “programas sociais” cada vez mais em alta, as pesquisas de opinião indicavam claramente que Lula poderia emplacar o poste Dilma como sua sucessora; em suma, o quadro era o pior possível; nada explicava ou explica tão repentina e radical mudança de postura, expressas em trocas de mensagens eletronicas, tanto particulares quanto em grupo.
Quem semanas antes dizia, com todas as letras, que “o Bolsa Família é apenas um programa de compra de votos”, passou a dizer, igualmente com todas as letras, que “a contra partida para recebimento do Bolsa Família é a frequência escolar, que é controlada eletronicamente nas escolas públicas, a educação está melhorando”...
Quem meses antes dizia incomformado que UPP (factóide usado politicamente por Lula e Dilma) nada mais era do que a “Unificação da Propina Policial”, passou a dizer de uma hora pra outra que “as UPPs são uma boa tentativa de reduzir a violência, que caiu bastante...” (será que não conhecem Niterói ?).
Quem dias antes gritava exarcebado que “essa merda aqui não tem mais jeito não, a única saída é o aeroporto!!”, passou da noite pro dia a dizer textualmente que “o Brasil está melhorando sim, além disso temos nossas belas praias, o choppinho na orla, as “bundas de fora” (??!!!), o povo está feliz...”, num aparente orgulho por terem se tornado alienados.
Às vésperas das eleições de 2010, um amigo morador do Rio de Janeiro, empresário herdeiro de uma grande indústria e que durante mais de 40 anos vociferou contra a esquerda e que era até então supostamente radicalmente contra o PT, saiu-se com essa:
"Eu estou feliz com esses políticos que roubam mas fazem, eu prefiro essa situação do que...".....
Considerando-se que no momento dessa frase o Estado do Rio era governado por Sergio Cabral Filho, aliado número 1 de Dilma Roussef, só é possível entender tal afirmativa como uma confissão de que o indivíduo iria pras urnas dali a alguns dias pra votar pela reeleição de toda a petralhada !!
Eu leio diariamente vários jornais (de diferentes tendências) do Brasil, do Canadá, dos EUA e até do Paquistão (dawn.com), assisto as Redes Globo, CNN, Fox, SBT e Band entre outras; eu leio até os tais blogs "progressistas" patrocinados com o dinheiro do contribuinte via estatais, mas não me lembro de ter lido notícias tão animadoras - nem mesmo nos tais blogs !
O cúmulo do absurdo – o fim da picada ! - aconteceu quando, em pleno governo-robô da “faxineira ética” Dilma Roussef catapultado a inacreditáveis 77% de popularidade, recebi mensagens de um amigo, uma pessoa que até 2008 ou 2009 orgulhava-se der ser “radical de direita” contra o PT, dizendo literalmente o seguinte (as linhas abaixo foram copiadas/coladas de mensagens dele, ele escreveu isso exatamente como está aí):
“A economia melhorou muito............até na minha área a coisa tá melhorando, com a estabilidade da economia......até 2050 o Brasil poderá estar com a 3a maior economia do mundo.... dependendo do ponto de vista, o Brasil é primeiro mundo também....”
Inacreditavelmente, a pessoa se revelou uma espécie de Paulo Henrique Amorim, só que pobre. Ela apóia qualquer governo, seja este qual for.
Só esqueceu de montar um blog e pedir o patrocínio milionáro de empresas estatais.....
E ficamos todos com a pergunta que não quer calar: qual é a razão que justifica tão drástica mudança de atitude ?
Se souberem a resposta, me avisem.
Se souberem a resposta, me avisem.
Um abraço,
André Souza
